Nesta lição, você finalmente aprenderá a fazer uma leitura completa de tarô para si mesmo. Apresento aqui um procedimento simples que você pode seguir para explorar uma pergunta pessoal. Ter um procedimento a seguir é importante no trabalho com o tarô. Repetir os mesmos passos com atenção ajuda você a se centrar no momento presente. Os detalhes do ritual não são o mais importante; você pode adaptá-los como quiser. O essencial é manter um espírito de atenção plena (mindfulness). Fazer a leitura com concentração amorosa tornará sua prática do tarô muito mais poderosa.
Leia o procedimento completo uma vez para entender o processo. Quando estiver pronto(a), vá até o exercício 8.1 e tente fazer a leitura.
O Procedimento para a Leitura de uma Pergunta
1. Criando o Ambiente
O primeiro passo é criar um ambiente agradável e propício. A Lição 6 dá algumas sugestões para isso. Escolha o que faz você se sentir confortável e seguro(a).
Sente-se no chão ou à mesa, com espaço livre à sua frente. Tenha seu baralho de tarô em mãos e a sua pergunta escrita em um papel (veja a Lição 7 sobre como escrever uma boa pergunta). Tente garantir que não será interrompido(a).
Comece relaxando e acalmando a mente. Deixe de lado as preocupações. Respire fundo algumas vezes, solte os músculos e se conecte com o presente. Faça isso com o tempo que precisar.
2. Fazendo a Pergunta
Quando estiver centrado(a), pegue as cartas. Segure-as com uma mão em forma de concha e coloque a outra mão por cima. Feche os olhos e leve as cartas para o seu campo energético.
Agora, faça uma declaração de abertura, se desejar. Pode ser:
- Uma oração
- Uma afirmação
- Uma descrição de como você está se sentindo
- Um simples “olá” ao seu Guia Interior
Você pode repetir sempre a mesma frase ou falar algo espontâneo. O importante é que seja verdadeiro e de coração. Diga em voz alta — o som dá força ao seu pedido.
Em seguida, faça sua pergunta, lendo exatamente como a escreveu. O inconsciente é muito literal — as cartas muitas vezes refletem a formulação exata da pergunta.
3. Embaralhando as Cartas
Abra os olhos e comece a embaralhar. Isso ajuda a ordenar, de forma sutil, a leitura que você está prestes a receber.
Escolha o método de embaralhar que for mais confortável para você. Alguns misturam as cartas para que fiquem de cabeça para cima (direitas) e outras de cabeça para baixo (invertidas).
Concentre-se na intenção da pergunta enquanto embaralha. Não se preocupe com os detalhes, mas mantenha o foco no que deseja saber.
4. Cortando o Baralho
Quando sentir que embaralhou o suficiente, coloque as cartas viradas para baixo com a borda mais curta voltada para você. Corte assim:
- Pegue uma porção do monte e coloque à esquerda.
- Pegue uma parte dessa nova pilha e coloque mais à esquerda.
- Reúna todas as cartas novamente como quiser — de forma rápida e sem pensar demais.
Esse corte finaliza o arranjo das cartas. A partir daí, o padrão da leitura está definido. O próximo passo é revelar o que as cartas têm a dizer.
5. Distribuindo as Cartas
Siga o padrão do esquema de tiragem (spread) que você escolheu:
- Pegue o baralho com a borda curta voltada para você.
- Com a outra mão, vire a primeira carta como se estivesse virando a página de um livro.
- Coloque essa carta na Posição 1.
- Continue virando as cartas uma por uma, colocando-as nas posições corretas.
Se sair uma carta invertida e você não estiver usando cartas invertidas, apenas vire-a para o lado certo. Seu Guia Interior saberá qual é sua abordagem.
6. Reagindo às Cartas
Observe suas reações à medida que for virando as cartas. No início, você pode não lembrar o significado tradicional. Suas reações serão baseadas nas imagens. Com o tempo, elas ficarão mais informadas — mas cuidado para não se tornar previsível. Mantenha a mente aberta.
Quando todas estiverem reveladas, observe o conjunto. Alguma impressão geral? Alguma reação nova? Anote pensamentos rápidos, mas sem se perder nas anotações.
7. Analisando as Cartas
Use a seção de significados das cartas como apoio, se quiser. Siga estes passos:
- Consulte cada carta.
- Leia as palavras-chave e ações.
- Veja quais ações provocam um “sim, é isso!” — um tipo de “choque de reconhecimento”.
- Não evite mensagens difíceis. Confie nas suas reações e observe pensamentos aleatórios.
Depois de considerar cada carta, busque relações entre elas. Aplique os princípios de interpretação (abordados nas Lições 11 a 18).
Você pode passar horas analisando, mas um tempo dedicado com atenção já trará bons frutos.
8. Criando a História
Chegará o momento de reunir tudo em uma história (ver Lição 18). Isso ajudará a entender sua situação e encontrar orientações para o futuro.
Sugiro criar sua história espontaneamente. Depois de analisar as cartas, solte essa parte racional. Sua história será mais autêntica se surgir livremente. Quando se sentir pronto(a), comece a falar. Use suas anotações como apoio, mas sem se prender a elas.
Fale em voz alta — escrever é lento e pensar é vago demais. Sua história ganha força ao ser dita. Se se perder ou enrolar, apenas pare e recomece. Com a prática, você melhora. Pode gravar sua fala — ouvir depois pode ser revelador!
9. Escrevendo a Mensagem Final
Sua história termina quando suas palavras diminuírem e cessarem naturalmente. Agora, concentre-se em resumir a mensagem principal da leitura.
Pergunte a si mesmo:
- Qual é o problema central?
- Qual é o meu papel?
- O que meu Guia Interior quer que eu entenda?
- Qual é o possível desfecho?
- Como me sinto com isso?
- Há sugestões de ação?
Tente resumir a leitura em uma ou duas frases. Foque na essência da orientação, e não nos detalhes técnicos da interpretação.
10. Finalizando
A leitura terminou, mas ainda há alguns passos para concluir o ritual e deixar o baralho pronto para a próxima vez.
- Anote as cartas tiradas e suas posições. É fácil esquecê-las depois.
- Limpe o baralho — embaralhe levemente, como se estivesse “apagando palavras na areia com a mão”. Qualquer forma de embaralhar serve, desde que as cartas fiquem viradas para baixo. Quando sentir que está bom, junte o baralho.
Antes de guardar as cartas, segure o baralho mais uma vez. Coloque uma mão por cima e outra por baixo, feche os olhos e diga o que aprendeu. Agradeça ao seu Guia Interior pela ajuda. A gratidão encerra a leitura com a energia ideal.
Você iniciou um ciclo ao começar a leitura. Agora o fecha, devolvendo as cartas ao seu estado de repouso.
11. Aplicando o que Você Aprendeu
A leitura acabou, mas o trabalho interior começa agora. Seu objetivo é aplicar os ensinamentos na sua vida. Se não fizer isso, sua prática com o tarô continuará sendo apenas um passatempo bonito, sem poder real de transformação.
Escolha uma ou mais ações concretas com base na leitura. Pode ser algo que você já faz ou uma mudança — pequena ou grande. Ações específicas ajudam mais que planos vagos.
Se tiver um diário, anote sua intenção. Comprometa-se apenas com o que sabe que vai cumprir. É fácil esquecer a leitura, especialmente se ela não foi o que você queria ouvir.
Nos dias seguintes, reflita sobre a leitura e pergunte:
- Minha história fez sentido?
- As orientações se aplicaram bem?
- Deixei passar alguma pista?
- Tomei alguma ação? O que aconteceu?
- Houve algo inesperado?
- Minhas leituras diárias complementam esta?
Pode ser tentador fazer uma nova leitura, mas o ideal é esperar por mudanças significativas. Confie que a primeira leitura já traz tudo o que você precisa. Em vez de buscar respostas novas, aprofunde a leitura original.
Aplicar o que você aprendeu é o passo mais importante — e mais difícil. Vai além de brincar com as cartas. Quando você realmente integra os conselhos do tarô na sua vida, descobre o verdadeiro poder que ele tem.