A Jornada do Louco

A Jornada do Louco é uma metáfora para a jornada pela vida. Cada carta arcana maior representa um palco nessa jornada – uma experiência que uma pessoa deve incorporar para realizar sua totalidade. Essas 22 descrições são baseadas nas palavras-chave para cada cartão arcana principal. As palavras-chave estão destacadas no texto. O número de um cartão está entre parênteses.

O Louco

Descrição, significado e ações da Carta 0 (O Louco) - Carta Arcano Maior

Começamos com o Louco (0), um cartão de início. O Louco representa cada um de nós quando começamos nossa jornada de vida. Ele é um tolo porque só uma alma simples tem a inocente para empreender tal jornada com todos os seus perigos e dor.

No início de sua viagem, o Louco é um recém-nascido – fresco, aberto e espontâneo. A figura na carta 0 tem os braços arremessados, e sua cabeça erguida. Ele está pronto para abraçar o que quer que venha em seu caminho, mas ele também está alheio à beira do penhasco que ele está prestes a atravessar. O Louco não tem conhecimento das dificuldades que enfrentará quando se aventurar a aprender as lições do mundo.

O Tolo está um pouco fora do resto dos arcanos principais. Zero é um número incomum. Ele repousa no meio exato do sistema numérico – equilibrado entre o positivo e o negativo. No nascimento, o Louco é ambientado no meio de seu próprio universo individual. Ele é estranhamente vazio (como é zero), mas imbuído de um desejo de sair e aprender. Este empreendimento parece ser loucura, mas será?

O Mago e a Alta Sacerdotisa

Significado da Carta 1 - O Mago
Significado da Carta 2 - Alta Sacertotisa - Arcanos Maiores

Ao partir, o Louco imediatamente encontra o Mago (1) e a Alta Sacerdotisa (2) – as grandes forças de equilíbrio que compõem o mundo percebido. É uma característica do universo material que, assim que nomeamos algum aspecto da experiência, evocamos automaticamente o seu oposto.

O mágico é o lado positivo. Ele representa o poder ativo e masculino do impulso criativo. Ele também é a nossa consciência. O Mago é a força que nos permite impactar o mundo através de uma concentração de vontade e poder individuais. A Alta Sacerdotisa é o lado negativo. Ela é o misterioso inconsciente. Ela fornece o terreno fértil em que ocorrem eventos criativos. A Alta Sacerdotisa é o nosso potencial não realizado à espera de um princípio ativo para trazê-lo à expressão.

Os termos positivo e negativo não implicam “bom” e “ruim”. Estas são distinções humanas que não se aplicam no tarô. O Mago e a Alta Sacerdotisa são absolutamente iguais em valor e importância. Cada um é necessário para o equilíbrio. Podemos ver o negativo como nossa Sombra, mas sem sombras, não podemos ver a luz, e sem um fundamento de potencial, não podemos criar.

O Imperador

A próxima pessoa que o Louco encontra é o Pai na figura do Imperador (4). Ele é o representante da estrutura e da autoridade. Quando um bebê deixa os braços de sua mãe, ele descobre que existem padrões para o seu mundo. Os objetos respondem de maneiras previsíveis que podem ser exploradas. A criança experimenta um novo tipo de prazer que vem da descoberta da ordem.

O Louco também encontra regras. Ele aprende que sua vontade nem sempre é primordial e há certos comportamentos necessários para o seu bem-estar. Há pessoas em posição de autoridade que aplicarão essas diretrizes. Essas restrições podem ser frustrantes, mas, através da direção paciente do Pai, o Louco começa a entender seu propósito.

Os Amantes

Eventualmente, o Louco enfrenta dois novos desafios. Ele experimenta o poderoso desejo de união sexual com outra pessoa. Antes, ele era principalmente egocêntrico. Agora ele sente a tendência de equilíbrio, retratada nos Amantes (6), para chegar e se tornar metade de uma parceria amorosa. Ele anseia por um relacionamento.

O Louco também precisa decidir sobre suas próprias crenças. Está bem o suficiente para se conformar enquanto aprende e cresce, mas em algum momento, ele deve determinar seus próprios valores se quiser ser fiel a si mesmo. Ele deve começar a questionar a opinião recebida.

A carruagem

No momento em que o Louco se torna um adulto, ele tem uma identidade forte e um certo domínio sobre si mesmo. Através da disciplina e da força de vontade, ele desenvolveu um controle interior que lhe permite triunfar sobre seu ambiente.

A Carruagem representa o ego vigoroso que é a conquista coroada do Louco até agora. No Cartão 7, vemos uma figura orgulhosa e dominante montando vitoriosamente através de seu mundo. Ele está no controle visível de si mesmo e tudo o que ele examina. No momento, o sucesso assertivo do Louco é tudo o que ele poderia desejar, e ele sente uma certa auto-satisfação. É a confiança segura da juventude.

Força

Com o tempo, a vida apresenta o Louco com novos desafios, alguns que causam sofrimento e desilusão. Ele tem muitas ocasiões para aproveitar a qualidade da Força (8). Ele é pressionado a desenvolver sua coragem e determinação e encontrar o coração para continuar, apesar dos contratempos.

O Louco também descobre os atributos silenciosos de paciência e tolerância. Ele percebe que o comando intencional da Carruagem deve ser temperado pela bondade e pelo poder mais suave de uma abordagem amorosa. Por vezes, surgem paixões intensas, justamente quando o Louco pensava que tinha tudo, incluindo ele mesmo, sob controle.

Eremita

Mais cedo ou mais tarde, o Louco é levado a se perguntar a velha pergunta “Por quê?” Ele fica absorvido com a busca de respostas, não por uma curiosidade ociosa, mas por uma necessidade profundamente sentida de descobrir por que as pessoas vivem, mesmo que apenas para sofrer e morrer. O eremita (9) representa a necessidade de encontrar uma verdade mais profunda.

O Louco começa a olhar para dentro, tentando entender seus sentimentos e motivações. O mundo sensual tem menos atração para ele, e ele busca momentos de solidão longe da atividade frenética da sociedade. Com o tempo, ele pode procurar um professor ou guia que possa dar-lhe conselhos e direção.

A Roda da Fortuna

Depois de muita busca, o Louco começa a ver como tudo se conecta. Ele tem uma visão do design maravilhoso do mundo; seus padrões e ciclos intrincados. A Roda da Fortuna (10) é um símbolo do universo misterioso cujas partes trabalham juntas em harmonia. Quando o Louco vislumbra a beleza e a ordem do mundo, mesmo que apenas brevemente, ele encontra algumas das respostas que está procurando.

Algumas vezes suas experiências parecem ser o trabalho do destino. Um encontro casual ou ocorrência milagrosa começa o processo de mudança. O Louco pode reconhecer seu destino na sequência de eventos que o levaram a esse ponto de virada. Tendo sido solitário, ele se sente pronto para o movimento e a ação novamente. Sua perspectiva é mais ampla, e ele se vê dentro do esquema maior de um plano universal. Seu senso de propósito é restaurado.

Justiça

O Louco deve agora decidir o que esta visão significa para ele pessoalmente. Ele olha para trás sobre sua vida para traçar a causa e efeito de relacionamentos que o trouxeram a este ponto. Ele assume a responsabilidade por suas ações passadas para que ele possa fazer as pazes e garantir um curso mais honesto para o futuro. As exigências da Justiça (11) devem ser servidas para que ele possa limpar a lousa.

Este é um momento de decisão para o Tolo. Ele está fazendo escolhas importantes. Será que ele permanecerá fiel aos seus insights, ou ele vai voltar para uma existência mais fácil, mais inconsciente que fecha mais crescimento?

Enforcado

Destemido, o Louco avança. Ele está determinado a realizar sua visão, mas ele descobre que a vida não é tão facilmente domada. Mais cedo ou mais tarde, ele encontra sua cruz pessoal – uma experiência que parece muito difícil de suportar. Esse desafio esmagador o humilha até que ele não tenha escolha a não ser desistir e deixar ir.

No início, o Louco se sente derrotado e perdido. Ele acredita que sacrificou tudo, mas desde o fundo ele aprende uma verdade incrível. Ele descobre que quando ele renuncia à sua luta pelo controle, tudo começa a funcionar como deveria. Tornando-se aberto e vulnerável, o Louco descobre o apoio milagroso de seu Eu Interior. Ele aprende a se render às suas experiências, em vez de combatê-las. Ele sente uma alegria surpreendente e começa a fluir com a vida.

O Louco sente-se suspenso num momento atemporal, livre de urgência e pressão. Na verdade, seu mundo foi virado de cabeça para baixo. O Louco é o Enforcado (12), aparentemente martirizado, mas na verdade sereno e em paz.

A morte

O Louco agora começa a eliminar velhos hábitos e abordagens cansadas. Ele corta não essenciais porque aprecia o básico da vida. Ele passa por finais enquanto coloca os aspectos crescidos de sua vida atrás dele. Ele pode parecer morrer porque é a morte de seu eu familiar permitir o crescimento de um novo. Por vezes, esta mudança inexorável parece estar esmagando o Louco, mas eventualmente ele se levanta para descobrir que a morte não é um estado permanente. É simplesmente uma transição para um novo modo de vida mais gratificante.

O diabo

O Louco tem sua saúde, paz de espírito e uma compostura graciosa. O que mais ele poderia precisar? Em termos cotidianos, não muito, mas o Louco é corajoso e continua a perseguir os níveis mais profundos de seu ser. Ele logo fica cara a cara com o Diabo (15).

O diabo não é uma figura má e sinistra que reside fora de nós. Ele é o nó da ignorância e da desesperança alojado dentro de cada um de nós em algum nível. As atrações sedutoras do material nos prendem de forma tão convincente que muitas vezes nem sequer percebemos nossa escravidão a eles.

Vivemos em uma gama limitada de experiência, inconscientes do mundo glorioso que é a nossa verdadeira herança. O casal no cartão 15 é acorrentado, mas aquiescente. Eles poderiam facilmente se libertar, mas eles nem sequer apreendem sua escravidão. Eles se parecem com os amantes, mas não sabem que seu amor é circunscrito dentro de um alcance estreito. O preço dessa ignorância é um núcleo interno de desespero.

Torre

Como pode o Louco libertar-se do Diabo? Ele pode erradicar sua influência? O Louco só pode encontrar a liberação através da mudança repentina representada pela Torre (16). A Torre é a fortaleza do ego que cada um de nós construiu em torno de seu belo núcleo interno. Cinza, frio e duro, esta fortaleza parece proteger, mas é realmente uma prisão.

Por vezes, apenas uma crise monumental pode gerar energia suficiente para esmagar as paredes da Torre. No cartão 16 vemos um parafuso iluminado atingindo este edifício. Ele ejetou os ocupantes que parecem estar caindo para a morte. A coroa indica que eles já foram governantes orgulhosos; agora eles são humilhados por uma força mais forte do que eles.

O Louco pode precisar de uma sacudida tão severa se quiser se libertar, mas a revelação resultante faz com que a experiência dolorosa valha a pena. O desespero escuro é explodido em um instante, e a luz da verdade é livre para brilhar.

Estrela

O Louco é repleto de uma calma serena. As belas imagens sobre a Estrela (17) atestam essa tranquilidade. A mulher retratada no Card 17 está nua, sua alma não está mais escondida atrás de qualquer disfarce. Estrelas radiantes brilham em um céu sem nuvens servindo como um farol de esperança e inspiração.

O Louco é abençoado com uma confiança que substitui completamente as energias negativas do Diabo. Sua fé em si mesmo e no futuro é restaurada. Ele está cheio de alegria e seu único desejo é compartilhá-la generosamente com o resto do mundo. Seu coração está aberto e seu amor se derrama livremente. Esta paz depois da tempestade é um momento mágico para o Louco.

Lua

Que efeito poderia estragar essa calma perfeita? Há outro desafio para o Louco? Na verdade, é a sua felicidade que o torna vulnerável às ilusões da Lua (18). A alegria do tolo é um estado de sentimento. Suas emoções positivas ainda não estão sujeitas à clareza mental. Em sua condição de sonho, o Louco é suscetível à fantasia, à distorção e a uma falsa imagem da verdade.

A Lua estimula a imaginação criativa. Ele abre o caminho para pensamentos bizarros e belos para borbulhar do inconsciente, mas medos fearse ansiedades profundamente arraigados também surgem. Essas experiências podem fazer com que o Louco se sinta perdido e perplexo.

O sol

É a clareza lúcida do Sol (19) que dirige a imaginação do Louco. A iluminação do Sol brilha em todos os lugares escondidos. Dissipará as nuvens de confusão e medo. Ele ilumina, então o Louco sente e entende a bondade do mundo.

Agora, ele desfruta de uma energia e entusiasmo vibrantes. A abertura da Estrela se solidificou em uma segurança expansiva. O Louco é o bebê nu retratado na carta 19, cavalgando alegremente para enfrentar um novo dia. Nenhum desafio é muito assustador. O Louco sente uma vitalidade radiante. Ele se envolve em grandes empreendimentos enquanto atrai para si tudo o que precisa. Ele é capaz de perceber a sua grandeza.

Julgamento

O Louco renasceu. Seu falso ego foi derramado, permitindo que seu eu radiante e verdadeiro se manifestasse. Ele descobriu que a alegria, e não o medo, está no centro da vida.

O Louco sente-se absolvido. Ele perdoa a si mesmo e aos outros, sabendo que seu eu real é puro e bom. Ele pode se arrepender dos erros do passado, mas sabe que eles foram devidos à sua ignorância de sua verdadeira natureza. Ele se sente limpo e revigorado, pronto para começar de novo.

É hora de o Louco fazer um Julgamento mais profundo (20) sobre sua vida. Chegou o seu dia pessoal de acerto de contas. Como ele agora se vê verdadeiramente, ele pode tomar as decisões necessárias sobre o futuro. Ele pode escolher sabiamente quais valores apreciar e quais descartar.

O anjo na Carta 20 é o Eu Superior do Louco chamando-o para se levantar e cumprir sua promessa. Ele descobre sua verdadeira vocação – sua razão para entrar nesta vida. Dúvidas e hesitações desaparecem, e ele está pronto para seguir seu sonho.

O mundo

O Louco reentra no mundo (21), mas desta vez com uma compreensão mais completa. Ele integrou todas as partes díspares de si mesmo e alcançou a totalidade. Ele alcançou um novo nível de felicidade e realização.

O Louco experimenta a vida como plena e significativa. O futuro está cheio de promessas infinitas. Em linha com seu chamado pessoal, ele se envolve ativamente involvedno mundo. Ele presta serviço compartilhando seus dons e talentos únicos e descobre que ele prospera em tudo o que tenta. Porque ele age a partir da certeza interior, o mundo inteiro conspira para ver que seus esforços são recompensados. Suas realizações são muitas.

Então, a Jornada do Louco não foi tão tola depois de tudo. Através da perseverança e da honestidade, ele restabeleceu a coragem espontânea que primeiro o impulsionou em sua busca pelo Eu, mas agora ele está plenamente consciente de seu lugar no mundo. Este ciclo acabou, mas o Louco nunca vai parar de crescer. Logo ele estará pronto para começar uma nova jornada que o levará a níveis cada vez maiores de compreensão.