O Tarô, com suas ricas imagens e significados profundos, guarda uma conexão intrigante com a Maçonaria. Muitos estudiosos acreditam que os arcanos maiores escondem símbolos maçônicos, revelando um diálogo oculto entre essas duas tradições. Desde a figura do Mago até a Torre, elementos como compassos, esquadros e colunas podem ser identificados, sugerindo uma linguagem simbólica compartilhada.
Neste post, exploraremos como os ensinamentos maçônicos se entrelaçam com as cartas do Tarô, decifrando mensagens que transcendem o óbvio. Se você é um entusiasta do esoterismo ou simplesmente curioso sobre os mistérios por trás dessas imagens, prepare-se para descobrir camadas de significado que unem sabedoria ancestral e interpretação intuitiva.
O Mago e os Instrumentos Maçônicos
A carta do Mago, o primeiro arcano maior do Tarô, é um dos exemplos mais claros da influência maçônica. Sobre sua mesa estão dispostos objetos que representam os quatro elementos (copo, espada, moeda e bastão), mas também é possível identificar ferramentas simbólicas da Maçonaria. O esquadro e o compasso, por exemplo, são frequentemente associados à precisão e ao equilíbrio moral, princípios fundamentais para os maçons.
Além disso, a postura do Mago, com uma mão apontando para o céu e a outra para a terra, ecoa o axioma hermético “Como acima, assim abaixo”, também valorizado na Maçonaria. Essa dualidade reflete a busca pelo conhecimento divino e sua manifestação no mundo material, um tema central em ambas as tradições.
A Sacerdotisa e as Colunas de Jachin e Boaz
No arcano da Sacerdotisa, sentada entre duas colunas, encontramos uma referência direta às colunas Jachin e Boaz, presentes no Templo de Salomão e amplamente utilizadas na simbologia maçônica. Essas colunas representam os opostos complementares, como ativo e passivo, masculino e feminino, luz e escuridão.
- Jachin (a coluna da direita) simboliza estabilidade e força.
- Boaz (a coluna da esquerda) representa a sabedoria e a receptividade.
A Sacerdotisa, como guardiã dos mistérios, personifica a sabedoria oculta, assim como os maçons buscam o conhecimento por trás dos símbolos. O véu atrás dela sugere que a verdade está além do visível, um conceito que ressoa profundamente nos rituais de iniciação maçônicos.
A Roda da Fortuna e o Círculo com Pontos
Outro arcano repleto de simbolismo maçônico é a Roda da Fortuna. Além de representar os ciclos da vida, a roda pode ser associada ao círculo com pontos, um símbolo maçônico que evoca a eternidade e a conexão entre todos os seres. As figuras que rodeiam a carta (o anjo, a águia, o touro e o leão) também remetem aos quatro evangelistas e aos elementos, temas frequentemente explorados em graus maçônicos mais elevados.
Esses paralelos sugerem que o Tarô não era apenas um jogo de adivinhação, mas uma ferramenta de ensino filosófico, assim como os rituais e símbolos maçônicos servem para transmitir lições morais e espirituais.
A Torre e a Destruição dos Alicerces Falsos
O arcano da Torre é um dos mais dramáticos do Tarô e também um dos mais ricos em simbolismo maçônico. A imagem de uma torre sendo atingida por um raio, com figuras caindo, pode ser interpretada como a destruição das ilusões e estruturas falsas. Na Maçonaria, esse conceito é frequentemente associado ao desmonte dos “alicerces imperfeitos” – ideias preconcebidas e vícios que devem ser eliminados para que o iniciado possa ascender a um novo nível de compreensão.
Além disso, a torre em si pode ser relacionada à Torre de Babel, um símbolo da arrogância humana diante do divino. Na tradição maçônica, essa narrativa serve como alerta contra o orgulho excessivo e a desarmonia, reforçando a importância da humildade e da busca por uma linguagem universal de fraternidade.
O Sol e a Iluminação Maçônica
A carta do Sol, que representa clareza, vitalidade e verdade, também guarda paralelos com a simbologia maçônica. O disco solar, muitas vezes retratado com um rosto humano, lembra o Olho da Providência, um símbolo amplamente utilizado na Maçonaria para representar a onisciência divina e a luz da razão.
- As duas crianças ou gêmeos sob o sol podem ser associadas aos pilares da Sabedoria e da Força, presentes nos ensinamentos maçônicos.
- O muro baixo atrás delas simboliza a superação das limitações humanas por meio do conhecimento.
Assim como o Sol ilumina o caminho no Tarô, na Maçonaria, a busca pela “luz interior” é um dos princípios fundamentais, guiando o maçom em sua jornada de autoconhecimento e aperfeiçoamento moral.
O Enforcado e o Sacrifício Iniciático
O arcano do Enforcado, aparentemente sombrio, esconde uma mensagem profunda sobre renúncia e perspectiva. A figura pendurada por um pé, muitas vezes com uma auréola, reflete a ideia de sacrifício voluntário para alcançar um estado superior de consciência. Na Maçonaria, esse tema é central nos rituais de passagem, onde o iniciado deve “morrer” simbolicamente para renascer em um novo estágio de entendimento.
A postura do Enforcado, formando um triângulo com suas pernas, também pode ser vinculada ao Delta Luminoso, um símbolo maçônico que representa a tríade sagrada (Sabedoria, Força e Beleza) e a presença do Grande Arquiteto do Universo. Essa conexão reforça a ideia de que o sacrifício não é um fim, mas uma transformação necessária para a evolução espiritual.
O Mundo e a Completação da Obra
Por fim, o último arcano maior, O Mundo, sintetiza muitos dos ideais maçônicos. A figura central, envolta por uma coroa de louros, representa a realização plena após uma jornada de aprendizado. Os quatro seres nos cantos (anjo, águia, touro e leão) ecoam não apenas os elementos, mas também os pilares do conhecimento hermético valorizado pela Maçonaria.
O círculo que cerca a figura principal remete à Cadeia de União, um símbolo maçônico que representa a conexão entre todos os irmãos e a eternidade da ordem. Assim, O Mundo no Tarô pode ser visto como a conclusão da “Grande Obra” – tanto no sentido alquímico quanto maçônico –, onde o indivíduo, após percorrer todos os estágios de iniciação, atinge
Conclusão: Uma Jornada de Símbolos e Sabedoria
Ao explorar os símbolos maçônicos ocultos no Tarô, percebemos que essas duas tradições compartilham uma linguagem universal de mistério e transformação. Desde o Mago com suas ferramentas de precisão até O Mundo como coroação da Grande Obra, cada arcano revela camadas de significado que transcendem o tempo e o espaço. A Maçonaria e o Tarô, cada um à sua maneira, buscam guiar o indivíduo em uma jornada de autoconhecimento, desafiando-o a decifrar códigos, superar ilusões e ascender a um estado superior de consciência.
Seja como ferramenta de reflexão ou mapa espiritual, o Tarô, quando lido através da lente maçônica, oferece uma visão profunda sobre a interconexão entre o humano e o divino. Esses símbolos não são meras coincidências, mas testemunhas silenciosas de uma sabedoria ancestral que continua a inspirar aqueles que buscam a luz além do véu.